*Dr. Ismael José Vilela

O tempo litúrgico que estamos iniciando com o Domingo de Ramos, nesse domingo, 2 de abril, coloca-nos diante do Senhor Jesus Crucificado; diante do mistério mais absurdo para o nosso entendimento: Deus crucificado e morto. Não era esse o Deus que buscávamos. Em lugar de nos tirar do sofrimento, Ele mesmo sofre o que nós sofremos. Ficamos desapontados e sem entender mais nada.
Por mais que o próprio Jesus tenha explicado e os profetas tenham anunciado, queríamos um Deus que resolvesse nossos problemas, livrasse-nos do sofrimento, principalmente, o que nos parecia insuperável.
Para complicar ainda mais, o próprio Filho de Deus faz a experiência do abandono por parte do Pai, no momento mais sofrido. Também nós passamos por essa dor insolúvel: o abandono. Sentimo-nos sem saída.
A Semana Santa é um tempo favorável para olharmos o crucifixo que temos diante de nós e dentro de nós. Diante de nós temos os que sofrem todo tipo de sofrimento. Mas temos o crucifico dentro de nós também. Temos a dor de não nos sentirmos atendidos por Deus, por Ele abandonados.

Quando descobrirmos esse crucifixo, primeiro em nós, e depois nos outros, teremos dado um passo importante na nossa vida. Mas o passo definitivo, que nos levará à Ressurreição, acontecerá quando descobrirmos que o crucifixo que está no nosso íntimo é o próprio Cristo Jesus, crucificado e abandonado. Aí então poderemos abraçá-lo por amor.
Cada Eucaristia nos traz a possibilidade de renovar esse abraço amoroso ao Senhor Crucificado, que encontramos em nosso íntimo. Não precisamos falar em Ressurreição, pois ela é esse abraço.