A estratégia básica é a preservação da vida. A própria vida e a dos outros
1. A primeira atitude é o reconhecimento da própria limitação. Não somos deuses e somos colocados diante de situações que ultrapassam nossa capacidade. Não é absurdo sermos limitados. Isso nos permite descobrir e escolher o que podemos fazer nessa situação. Por exemplo: temos que ficar em casa. Posso escolher como vou ficar em casa.
2. Reclamar, no fundo, é perceber apenas uma parte da realidade que se coloca diante de nós. É focar outra realidade utópica, que não existe. Esse não perceber pode nos levar a não considerar as possibilidades que temos, ou seja : se eu quero preservar a minha saúde e a minha vida, preciso perceber todas as possibilidades.
3. A convivência, nos tempos de crise, tende a se tornar difícil. Julgar o outro complica mais a situação. A compreensão facilita a boa convivência, e esta torna possível a sobrevivência. Por exemplo: marido e mulher podem compreender que um pode tornar a crise mais leve para o outro. Pode acontecer que a crise venha a revelar desajustes relacionais pre- existentes.
4. Aceitar que a vida nos coloca diante desta situação crítica, e que esta mesma vida espera a nossa melhor resposta. Em nada adianta dar desculpas para nós mesmos.
5. Encontrar alegria e graça nas pequenas coisas que vão acontecendo mesmo no dia-a-dia da crise. O humor é uma boa ferramenta para se enfrentar os momentos críticos. Mas não pode ser confundido com gozação. Quando eu consigo rir da dificuldade, fazer uma piada a partir dela, eu assumo o domínio da situação.
6. Encontrar estratégias interiores que me ajudem sobreviver mental e emocionalmente, me fortalece e capacita para bem escolher em situações futuras.
7. O momento de crise é uma oportunidade de superação. Fazer do outro que participa do nosso confinamento (esposa-esposo, filhos, pais, irmãos) um companheiro de viagem. Descobrir padrões de comportamento que criem a solidariedade e amadureçam as relações.
8. Nas situações críticas, é recomendável que a pessoa faça consigo mesma um trato de não desistir. Esse propósito é renovado a cada hora, nas pequenas coisas.
9. Por mais que queiramos, não temos o controle absoluto de todas as situações. O ideal de uma “normalidade” e de uma “previsibilidade” totais é uma quimera dos nossos dias. Diante do inesperado, em lugar de nos estressarmos, podemos nos abrir ao outro que está ao nosso lado e até ao Outro transcendente. Com certeza, a fé pode ser uma chave de leitura para os acontecimentos, num contexto de crise como a que estamos vivendo.
10. O momento de crise evidencia uma realidade que tentamos negar. Então, somos capazes de viver bem até neste momento difícil. Não é preciso ter previsibilidade e controle para ter saúde emocional. Somos fortes e capazes, mesmo sem saber que o somos.
(Organizado por: Isaura Vilela França e Ismael José Vilela | Baseado no livro: Afrontamento e Superação de Crises: contribuição da Logoterapia – Marina Lemos Silveira Freitas – 2 Ed – Ribeirão Preto: Editora IECVF, 2018. p.116)