JANEIRO BRANCO

“Janeiro Branco” é uma campanha de conscientização, sobre o cuidar da saúde mental que surgiu na cidade de Uberlândia, em 2014, com psicólogos e demais agentes da saúde mental, a exemplo de outras campanhas, como “Outubro Rosa”. Hoje, tal campanha está espalhada por todo o Brasil e chega a sua 9° edição, também chegou a países como Japão e Estados Unidos.

Com o tema “O mundo pede saúde mental”, a campanha deste ano, que acontece ainda em meio a pandemia de COVID-19, nos alerta para os resultados que estamos tendo e teremos, infelizmente, neste estar e pós pandemia, agravando assim transtornos mentais já existentes em nosso meio, que na sua grande parte negligenciados pelo poder público e também pela concepção que a sociedade tem sobre a SAÚDE MENTAL.

Começar falando em janeiro sobre SAÚDE MENTAL, se relaciona ao momento propício onde as pessoas de forma geral repensam o ano que passou e projetam o ano que começa. Isto pode possibilitar a consciência que a saúde mental tem seu papel crucial na vida, pois falar de saúde mental é falar de SAÚDE.

Cada vez mais urge a necessidade de entendermos a pessoa na sua integridade onde o fato de adoecer tem sua implicação na sua própria vida e no seu entorno. Adoecer mentalmente e ou emocionalmente, onde estes termos não são sinônimos, mas estão intimamente ligados ao tema saúde mental. Creio que diversas vezes já se ouviu o termo psicossomática.

Podemos dizer, de forma concisa, a psicossomática é o sintoma clínico de nossos conflitos psíquicos, trazendo prejuízo pessoal, social e profissional, ocasionando perdas, às vezes, irreparáveis na vida.

Falar sobre o tema: “saúde mental” é talvez o melhor veículo para esclarecer e educar a sociedade sobre a necessidade do tema, desconstruindo assim a visão manicomial. A loucura é o extremo da gravidade, não é a regra, mas podemos dizer a exceção.

Criar circunstâncias de reflexão sobre assuntos ligados ao tema pode possibilitar a experiência da autoconsciência, que tem como finalidade o autoconhecimento, podendo possibilitar, assim, a ressignificação da própria existência.

É necessário falar de comportamentos adoecedores e de emoções mantenedoras destes comportamentos. Fomentar essa prática em diversos lugares, como associações, empresas, igrejas… democratizar o acesso ao tema tornando, assim, uma prática social saudável.

O terceiro milênio não comporta mais a ignorância sobre a temática, compete a nós, agentes de saúde mental, sermos propagadores desta necessidade de SAÚDE. Acredito ser um compromisso moral, expandir os espaços de conscientização e acesso aos recursos que as diversas ênfases da ciência têm nos presenteado.

A campanha janeiro branco nos ajuda com algumas atitudes que podemos ter, a fim de melhorarmos nossa saúde:

Políticas Públicas para a saúde mental:

Essa é uma atitude que deve ser encabeçada por aqueles que estão na linha de frente da saúde mental, propondo assim, ao legislativo e ao executivo, locais de necessidade de investimento em políticas, que possam alcançar o maior número de pessoas com a temática.

Prática de exercícios físicos:

Hoje, existem evidencias robustas sobre os benefícios de atividades físicas, desde caminhadas, até exercícios acompanhados por profissionais da área. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, pelo menos, 150 a 300 minutos de atividade aeróbica, moderada a vigorosa, por semana para todos os adultos, incluindo quem vive com doenças crônicas ou incapacidade, e uma média de 60 minutos por dia para crianças e adolescentes.

Prática e hobbies terapêuticos:

É revigorante após a rotina estressante, ter um hobbie que seja seu momento de focar sua atenção, de se satisfazer com o que está fazendo. O hobbie melhora o estado de humor e da ânimo. Coisas simples como cozinhar, pintar, ler, escrever … podem ser executadas. Mas se você não tem um hobbie, sugiro que faça pesquisas sobre atividades diversas e experimente, a fim de encontrar a sua atividade.

Contato com a natureza:  

Para as pessoas que vivem nos grandes aglomerados urbanos, esta cada vez mais difícil entrar em contato com a natureza, quantas das nossas crianças já não conhecem mais pequenos animais de nossas zonas rurais. Se possível, saia para parques e zonas rurais, respire com profundidade, contemple a beleza da natureza no seu entorno, se conecte com o ambiente natural. Isso ajuda bastante em nossas emoções.

Vínculos sociais profundos:

Vínculos afetivos saudáveis são uma grande fonte de saúde mental. A valorização das relações familiares e sociais nos protegem de transtornos. A conexão social nos ajuda a caminharmos juntos. Mesmo nesse tempo de pandemia, no qual o isolamento social se impôs, os recursos tecnológicos atenuam esta experiência de isolamento e devemos nos utilizar bastante para fomentar nossa conexão, mesmo que virtual.

Autoconhecimento:

Essa é uma premissa filosófica milenar “Conhece-te a ti mesmo”, entendida pelos gregos como um oráculo do deus Apolo, independente da crença filosófica ou religiosa. Hoje, sabe-se que o autoconhecimento é um exercício e, por que não dizer, também um grande investimento pessoal, pois se conhecer nos dá a possibilidade de mudarmos. E isso é possível quando estamos autoconscientes do que sentimos, pensamos e como nos comportamos, nos auto monitorar para termos uma visão realista de nós, evitando assim o criticismo ou engrandecimento. O autoconhecimento é a pratica da sinceridade conosco mesmo, que deve ter como resultado nossa melhoria, enquanto ser humano que também resulta no equilíbrio emocional.

Abertura a novos conhecimentos:

Quantas vezes nos acomodamos em nossos saberes, permanecemos em uma zona de conforto, achamos que não é preciso, não temos tempo, não temos idade, e por aí vai. Sentenciamos nossa ignorância e, sem perceber, mantemos também nosso desequilíbrio mental e emocional. O conhecimento nos liberta de nós mesmos. Quantas vezes a psicoeducação sobre o transtorno já é fonte de grande melhoria. Aprenda sobre temas que acrescentaram em sua vida. Se possível, ingresse no ensino formal.

Espiritualidade Saudável:

A espiritualidade é algo amplo que pode ser uma expressão da religiosidade ou a própria expressão da vida. É o encontro de um sentido que pode nortear nossa vivência, qualificando assim nossa relação conosco e com o mundo. Aqui me permito falar um pouco de nossa vivência, enquanto ICaPP (Instituto Católico de Psicologia e Pesquisa). Para nós, nossa espiritualidade tem na pessoa de Jesus Cristo sua fonte, em seus ensinamentos o alimento e, em sua Igreja, o reservatório. Na comunhão fraterna, encontramos os estímulos para prosseguir, pois aí está Jesus, e nosso sentido perpassa a transitoriedade da vida e se lança ao eterno, por isso nossa esperança não se extingue, mas se fortalece por meio dos sofrimentos momentâneos.

Por fim, queremos deixar uma palavra de esperança, ao dizer que saúde mental tem jeito, uma vez rompida as barreiras do desconhecimento e investirmos na pessoa humana e em seus potenciais, buscando, assim, a conciliação entre fé e ciência, sabendo que não são forças opositoras, mas são potências a serviço da humanidade.

Mesmo vivendo um momento sombrio, gerado pela incerteza da pandemia, queremos acreditar que em 2022 teremos grandes vitórias, não te desanimes diante dos desafios presentes. Se você leu todo o texto é por que já és um vencedor! Chegamos até aqui !

Darlen Vaz. Membro do ICaPP, desde 2014.

Bibliografia: https://janeirobranco.com.br/

2 comentários sobre “JANEIRO BRANCO

  1. Seus textos são maravilhosos
    E instrutivos
    Obrigada por nos brindar com sua competência

  2. Se as pessoas se interessassem por estes temas o.mundo seria.melhor.Para mim aqui está um resumo de tudo.que a humanidade precisa saber e praticar.

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