DEPRESSÃO, o que deve ser tratado?

Foto: pixabay.com

Neste mês de novembro o Papa Francisco colocou em sua intenção de oração as pessoas que sofrem de depressão ou esgotamento extremo, pedindo por elas  para que recebam uma luz que as abram à vida.
Esta doença acomete mais de 300 milhões de pessoas no mundo todo e de fato é uma grande causa de sofrimento e, a própria pessoa e seus familiares devem se mobilizar na busca de uma ajuda especializada e eficaz. As causas da depressão são várias e muitas vezes carecem de explicação. O diagnóstico e o tratamento farmacológico e psicológico devem ser conduzidos, concomitantemente, por um psiquiatra e um psicólogo. Existem outras possibilidades de tratamento não químico como a Homeopatia e técnicas de estimulação elétrica transcraniana. Importante também lembrar do exercício físico, sempre que possível diário.


Mas independente da causa da depressão, esse  momento de grande sofrimento  é uma oportunidade para refletir sobre quem é o ser humano e do que ele necessita não só para sobreviver, mas para se sentir vivendo em plenitude.
Por isso  é bom que seu acompanhamento seja feito por um psicoterapeuta e um médico que, além de olharem para a doença, se lembrem do mais importante: que por trás de cada doença existe um ser humano que precisa ser compreendido e atendido em sua essência.
Gostaria de citar um médico neurologista e psiquiatra que viveu no século passado, um grande estudioso do comportamento humano, principalmente nos momentos de dor, Viktor Emil Frankl.

Viktor Frankl (1905-1997)

Com muita autoridade ele pode falar do sofrimento e de como se pode responder a este de forma positiva, não só por ter vivido por mais de três anos em campos de concentração nazistas, mas sobretudo pela forma como vivenciou isso, superando a si próprio e ajudando várias pessoas a fazerem o mesmo.
Para Viktor Frankl, fundador da logoterapia e da análise existencial, o homem é biopsico-espiritual. Ele considera as três dimensões do ser e ressalta a importância de que nenhuma delas pode ser negligenciada.
Na dimensão espiritual ou noológica o homem não adoece, não precisando de tratamento, assim como precisam as dimensões física e psíquica. O que acontece é que ela pode estar como que adormecida e precisando ser “despertada”. E o mais importante, isso pode ser feito não só pelo médico ou psicólogo, mas também pelos amigos e familiares.
Desde a concepção as dimensões psicofísica e espiritual tem origem diferente: o psicofísico é propagado pelos pais e a existência espiritual vem de fora. É um ser totalmente novo, não traz condicionamentos ou memórias. E com origens tão distintas, dá para entender que tenham aspirações e características tão próprias.

A existência espiritual tem sede de sentido, é um ser em busca do sentido da vida e ao encontrar este sentido e realiza-lo ele se realiza, e esta é a única maneira de encontrar esta autorrealização: sair de  si mesmo e ir em direção ao outro.

Mesmo com todos os sintomas o homem, em sua essência pode se realizar, porque está não adoece.
Na depressão ocorre uma perda dos ideais, um sentimento de angústia, um sentimento de incapacidade para cumprir sua missão, não se sentir à altura de sua missão, como se alcançar o objetivo de sua vida fosse impossível. Isto traz tristeza, sentimento de inferioridade, de se sentir sem valor,  a pessoa deixa de ver sentido em sua vida. Há uma desvalorização não apenas de si mesmo, mas do mundo inteiro.

E diante disso, Frankl diz: “O que nós indicamos ao paciente, não é que ‘se acalme’, mas antes que aguente a sua doença de sentimentos, sabendo que a sua cegueira para os valores, a sua incapacidade para encontrar nele próprio um valor e na vida um sentido, faz parte dessa doença. Fazemos-lhe ver com toda a clareza que, enquanto lhe durar a doença, está livre de obrigações, ou melhor, que só tem duas obrigações a cumprir: primeiro, está obrigado a confiar no médico e na  prognose médica – e podemos perfeitamente garantir-lhe que sairá da fase concreta em que se acha, pelo menos tal como dantes era –; depois, está também obrigado a ser paciente consigo mesmo, até o dia do restabelecimento previsto”.

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Por ser um momento de sofrimento para o paciente e, toda crise deve ser lembrada como uma provedora de oportunidades, é o momento de pensar que a oportunidade que esta doença brinda pode ser um crescimento pessoal do paciente e de todos os que sofrem ao seu redor.
Pode ainda ser a oportunidade para um grande despertar para enxergar o sentido da vida.
A pessoa espiritual é livre e por isso pode e deve realizar uma mudança na maneira de olhar a vida, e aprender, apesar do seu estado de desgosto, a ver sentido nas suas tarefas do dia a dia, enquanto aguarda a remissão dos sintomas.

(Texto: Cecília Braconnot Machado. Referencia: Psicoterapia e sentido da vida – Victor Frankl)

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