Reflexões sobre a morte e o luto

Isaura Rocha Vilela

Pensar o luto nos leva a pensar na morte, na perda, na finitude. São palavras que, de uma maneira geral, evitamos, pois geram certa angústia. Quando olho para essa realidade me deparo com a impotência, com esse limite rígido que a vida nos impõe, e diante do qual não resta nenhuma outra opção senão suportá-lo.

Aqui acredito que a psicologia possa ter alguma contribuição, quando vislumbra caminhos diversos que levam ao mesmo destino. Todos nós já passamos, ou certamente passaremos por perdas importantes; a diferença está na maneira como esse trajeto é trilhado. Com que olhar posso enxergar a morte? A meu ver existe uma dor grande quando se pensa no que poderia ser… nas lacunas que aquela partida deixa, nas inúmeras possibilidades que deixaram de existir. Tudo isso somado ao sofrimento da saudade.

Como enfrentar esse momento? A ideia de finitude pode ser positiva quando impulsiona a viver melhor as possibilidades atuais, quando nos tira da impotência futura e nos joga na realidade de hoje. O simples fato de saber que existe um ponto de chegada traz para o percurso um tom mais urgente. Outro ponto a ser observado é a possibilidade de resinificarmos o que foi vivido. Uma vez que a morte nos tira as possibilidades futuras, podemos olhar para o que foi construído com olhos mais positivos, o que traz para o momento da dor uma certa leveza, uma sensação de dever cumprido. Para concluir, entendo que a morte traz consigo a dor da saudade daquilo que poderia ser… e ao mesmo tempo ela traz consigo a responsabilidade em se fazer o melhor possível, hoje.

 

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