No mês de agosto, a Igreja Católica reflete e reza, de forma especial, pelas vocações específicas. Todos os que recebem o sacramento do Batismo compartilham a mesma vocação à vida cristã, a ser discípulos de Jesus Cristo e à santidade. Essa vocação primeira é a fonte das demais vocações, que se expressam na forma de viver e de servir Jesus, à Igreja e ao seu povo. As vocações específicas estão ligadas à missão de cada pessoa nesse mundo.
As vocações específicas são: ao ministério ordenado (diácono, padre e bispo); ao matrimônio (constituir uma família); à vida consagrada religiosa (frei, freira, monge, monja); e à vida leiga (diversos serviços na Igreja). Algumas vocações são assumidas paralelamente, por exemplo: um diácono permanente também é esposo e pai; e todos que que se casam e assumem serviços e ministérios da Igreja, também são leigos.

Na perspectiva religiosa, todo cristão está envolvido nessa dinâmica vocacional. Ela garante que cada pessoa tenha o seu lugar na Igreja e no mundo, assumindo uma missão específica. Segundo a fé cristã, todo batizado é amado, escolhido e chamado pelo próprio Deus para uma missão.
Mas na perspectiva humana, essa dinâmica cristã faz sentido? Uma pessoa que assume e vive a vocação cristã pode ser realizada humanamente? Dois psicólogos do Instituto Católico de Psicologia e Pesquisa (ICaPP), responderam a essa questão!
– Lúcia Maria Coimbra – de Ponta Grossa (PR)
Vocação (vocare – no latim significa “chamar”) é o chamado a nossa essência, a nossa habilidade natural.
Vocação é responder a esse chamado e entregar aos irmãos e à humanidade aquilo que recebemos quando gestados no coração de Deus.
Tomar consciência e crer que somos criados por Deus e gerados em seu coração como filhos e filhas, dá-nos mais clareza e simplicidade para responder ao chamado que Ele faz a cada um.
Sentir-se realizado e feliz é a certeza de estar devolvendo à humanidade aquela pequena semente de divina (dom), que Deus Criador e Pai, gratuitamente, nos confiou.
A melhor resposta será a cada dia tomar posse da grandeza do chamado que Deus faz a cada um, responsabilizando-se em cultivar os inúmeros dons e sementes que Deus Pai nos confiou.
A realização humana se concretiza ao partilhar os dons com os irmãos e com a humanidade, cumprindo a missão de viver e compartilhar, com alegria, os valores e os ensinamentos de Jesus Cristo.
– Ir. Nair Izoton – de Cascavel (PR)
É preciso compreender o que seja uma resposta a uma vocação, e em que se dá a realização humana, a busca da felicidade. Para ser mais fidedigna a esta resposta, busquei iluminação no Texto Base do 3º. Ano Vocacional, como lema: “Vocação: Graça e Missão”, e com o tema: “Corações Ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24.32-33).
A Vocação é sempre um chamado ao amor. Um chamado! Para estar na intimidade com o Senhor Jesus, crucificado e ressuscitado. Se há uma resposta, é porque houve antes um chamado. A iniciativa primeira sempre é de Deus ao ser humano. Deus nos chama à vida e à santidade. A liberdade em responder é da criatura humana. A vocação cristã é um chamado ao apostolado, a uma missão, a um serviço, em vários estados e caminhos de vida. O Batismo é fonte de todas as vocações, portanto, vocação cristã. A vocação cristã é uma resposta ao convite a sermos santos, independentemente da condição de vida.
A Vocação é sempre um chamado e uma resposta de amor e gratidão ao amor recebido de graça, de Deus. O amor nos lança a amar. Dar e receber, receber e dar amor, eis a realização humana.
O Papa Francisco nos diz que, por meio do Batismo, somos inseridos em uma comunidade de fé, somos membros do Povo de Deus e pertencemos à Igreja local e universal, que vive em comunhão e promove relações fraternas. Somos uma Igreja Sinodal e Missionária. Coloquemo-nos nos caminhos do Senhor e seremos realizados e felizes. “Corações ardentes, pés a caminho”.