Vocação: caminho de sentido, serviço e felicidade

No mês das vocações, o diácono permanente Darlen Vaz reflete sobre o chamado de Deus e a importância de unir fé, autoconhecimento e serviço

Agosto é o mês dedicado às vocações na Igreja Católica. Mais do que lembrar dos diferentes chamados — matrimonial, sacerdotal, religioso ou leigo — este tempo convida cada pessoa a redescobrir que a vocação é, antes de tudo, um caminho para a santidade e para a verdadeira felicidade. Nessa entrevista, o diácono permanente da diocese de Rio Grande (RS), Darlen Vaz, que também é psicólogo e membro do Instituto Católico de Psicologia e Pesquisa (ICaPP), partilha sua experiência e reflexão sobre como discernir o chamado de Deus, superar desafios e viver a missão de servir à Igreja e à família.

Diácono Darlen

Vocação e sentido da vida
Para Darlen Vaz, vocação e sentido da vida caminham juntos:
“A vocação é o sentido da vida. Todos somos chamados à santidade e, nesse caminho, descobrimos nosso papel enquanto pessoa. Encontrar nossa vocação requer escuta, pois, quando alguém chama, espera uma resposta. Essa resposta, livre e verdadeira, nasce da essência do nosso ser e leva à felicidade.”

A contribuição da psicologia no discernimento vocacional
O diácono destaca que a psicologia oferece ferramentas valiosas para o autoconhecimento:
“A arte do autoconhecimento pode ser conduzida por um profissional da psicologia, iluminando áreas até então desconhecidas e revelando aptidões e habilidades. Isso ajuda a pessoa a encontrar seu espaço de vivência e desfazer ‘nós’ herdados ou aprendidos, dando livre curso à aventura de se descobrir.”

Sofrimento psíquico e falta de clareza vocacional
Darlen reconhece que a ausência de sentido de vida pode gerar sofrimento:
“Grande parte do sofrimento psíquico está na falta de sentido. O autoconhecimento deve ser um investimento contínuo. Na fé, recordo Romanos 8,28: ‘Todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus’. Deus não nos isenta das dificuldades, mas nos guia nos vales escuros da vida.”

Vivendo duas vocações: família e diaconato
Como esposo, pai e diácono permanente, Darlen percebe uma união natural entre as dimensões:
“Sempre fui servidor da família e da Igreja. O que antes era inconsciente, tornou-se consciente e minha vocação foi ampliada. O diaconato faz ponte entre o mundo da família e o mundo clerical. Assim, aprendi a ver não só a família consanguínea, mas toda a família redimida pelo sangue do Cordeiro.”

Espiritualidade e terapia
Unindo psicologia e espiritualidade, Darlen observa que a fé pode inspirar sem impor:
“O setting terapêutico não é espaço catequético, mas a intimidade com Deus transparece na relação. A espiritualidade se revela naturalmente e provoca abertura para a transcendência, ajudando no autoconhecimento e no discernimento da vida.”

No diálogo entre fé e razão, Darlen Vaz mostra que a vocação não é apenas uma escolha, mas um caminho contínuo de resposta a Deus e de serviço ao próximo. No mês das vocações, seu testemunho recorda que a felicidade verdadeira nasce quando a pessoa descobre quem é e coloca seus dons a serviço do Reino.


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